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Hysteria se reposiciona como núcleo de desenvolvimento de projetos

Luísa Barbosa, head da Hysteria (Foto: Divulgação)

A Hysteria nasceu em 2017 como uma produtora de conteúdo digital dentro da Conspiração, com foco em histórias com mulheres no centro da narrativa. Hoje, ela se reposiciona como um núcleo de desenvolvimento de projetos, seguindo essa mesma premissa de contar histórias femininas sobre mulheres importantes, potentes e controversas. Entre seus principais trabalhos, estão títulos como "E Se eu Fosse Luisa Sonza", "Angélica: 50&Tanto", "Mulheres Radicais" e "Helô", entre outros, além do documentário em andamento "Dona Onete". 

Na prática, esse novo posicionamento no mercado impacta diretamente no perfil de projeto que a Hysteria busca. "Antes, apostávamos em projetos para comunicar direto com a audiência, ou seja, que eram lançados no Instagram ou no YouTube, por exemplo, focados em redes sociais. Agora, temos projetos que de fato se comunicam por meio do entretenimento, com suas histórias e narrativas. No começo, nossa produção de conteúdo era voltada para alimentar esse perfil de projeto mais rápido que a rede social pede. Com a mudança, trabalhamos com conteúdos mais pensados, aprofundados, histórias contadas de forma mais longa e desenvolvida. Os projetos passam a ter maior densidade. A forma de se pensar, produzir e desenvolver é diferente, uma vez que agora o objetivo é outro também", explicou Luísa Barbosa, head da Hysteria, em entrevista exclusiva para TELA VIVA. 

O núcleo criativo está abarcado na Conspiração – ele faz parte da produtora mas, ao mesmo tempo, tem uma equipe dedicada, que "dorme e acorda" pensando em projetos de narrativas femininas. A hora de rodar os projetos efetivamente conta com a estrutura da Conspiração enquanto estúdio de pré-produção e produção para realizá-los, mas as etapas de criação e desenvolvimento são próprias da Hysteria. Para Barbosa, a importância de ter esse núcleo específico e não apenas trabalhar com essas produções dentro do line-up da Conspiração é justamente ter esse olhar focado, totalmente voltado às histórias de mulheres. "Assim, conseguimos fazer com que essas histórias sejam priorizadas. No momento em que temos um grupo de pessoas focado nisso, conseguimos priorizar essas narrativas de forma legítima e verdadeira, e ainda ter maior volume de pensamento, criação e produção. Por muito tempo as narrativas femininas estiveram em segundo plano – e podem continuar assim se a gente não parar e olhar, entender que realmente é importante trabalhar nisso. As narrativas femininas ainda são minoria. Para transformar esse cenário, precisamos ter foco nesse pensamento e criação. A grande intenção da Hysteria é poder cada vez mais rechear o mundo do entretenimento com histórias de mulheres – e mulheres mais diversas o possível", afirmou. 

Tendência de mercado x Mudança de paradigma 

Nesse sentido, ela reforça como é fundamental que as histórias das mulheres não sejam tratadas como uma tendência de produção: "No momento em que a Hysteria surgiu, falava-se muito sobre a importância de ter diretoras mulheres, mulheres em cargos de liderança e em maioria nas equipes. Todo movimento que aconteceu no mercado audiovisual em relação a isso foi muito importante porque transformou a indústria e fez com que ela olhasse para isso. Mas não pode ser tratado como uma coisa momentânea. O ideal é que as coisas aconteçam e se perpetuem – e não que 'a moda passe'. Precisamos estar sempre alimentando e instigando o mercado de que isso não é uma fase, e sim uma mudança que veio para ficar. Mas para isso não ser esquecido, precisa ser trabalhado no dia a dia. E, com a Hysteria, conseguimos ter sempre esse olhar. Não é porque quebramos algumas barreiras que elas não existem mais". 

Barbosa reconhece que é natural que esses movimentos tenham um boom e que, depois, a roda siga girando, porém de forma não tão rápida. "Mas a roda tem que continuar girando – e acho que continua, sim. Dentro da Conspiração, por exemplo, para além da CEO, temos a maior parte da diretoria composta por mulheres. A proporção de diretoras e diretores também é mais igualitária do que era tempos atrás. As mudanças aconteceram – não na velocidade que queríamos, e ainda precisa ser lembrado e continuado, mas vejo que as coisas continuam acontecendo. O movimento continuou – de forma menos intensa, mas segue existindo", analisou. "Hoje, entende-se com mais naturalidade que se é para contar a história de uma mulher em um documentário, precisa ter uma mulher à frente da direção. É muito legítimo que isso aconteça. Deixou de ser algo feito apenas para simplesmente 'marcar presença' e virou um entendimento mesmo de que é importante e essencial ter mulheres contando essas narrativas", completou. 

E essa missão tem sido bem sucedida. Depois desse tempo de trajetória, a Hysteria hoje – junto de outras produtoras, claro – consegue mostrar que o trabalho dá resultado. "No momento em que fazemos documentários que estão em destaque em eventos como a Mostra de São Paulo e o Festival do Rio, ou que ficam semanas entre os conteúdos mais vistos das plataformas de streaming, provamos que essas narrativas atraem o interesse da audiência. Estamos produzindo coisas que a audiência quer ver. Com esses resultados, a conversa muda de cenário. Não precisamos explicar o porquê devemos contar essas histórias. Temos provas de que as narrativas femininas são audiência e são amplamente consumidas. Hoje, partimos desse ponto".

Contato direto com a audiência 

Falando na audiência, o contato e a troca com ela são constantes. "O que a rede social proporciona é muito bom. No momento em que começamos um projeto e divulgamos que ele vai acontecer, já temos as reações na hora. E muitas vezes procuramos essas histórias pelas conversas nas redes. Hoje, por exemplo, estamos produzindo um true crime que tem uma mulher no centro da narrativa porque entendemos que a audiência estava toda olhando para o true crime, era o assunto do momento. Os projetos do gênero estavam gerando muitas conversas. Então fomos atrás de uma história feminina dentro disso. A conversa na rede social é muito importante. Podemos identificar personagens nas redes – a própria Luisa Sonza é uma pessoa muito grande nas redes. Tudo o que ela faz gera discussão e vira assunto. Existe muito amor e ódio em volta dela. Por isso precisamos estar sempre atentas a essas conversas – até porque queremos que nossos próprios projetos também gerem conversas", observa. 

Projetos e objetivos 

Entre os próximos projetos da Hysteria, estão o documentário sobre a Dona Onete, cantora e compositora, que também vai falar muito da história do Pará e da Amazônia, além de indiretamente propor discussões sobre etarismo; a segunda temporada do "Angélica: 50&Tanto", que desta vez trará a apresentadora conversando com homens; um documentário sobre Isabel, ícone do vôlei brasileiro; além do projeto de true crime citado anteriormente. Em relação às janelas, há produtos para streaming, televisão e cinema. O doc da Dona Onete, por exemplo, foi financiado com apoio do Nubank, Itaú Cultural e Vale, e será exibido pelo Canal Brasil. Barbosa, inclusive, chama a atenção para essas possibilidades de aporte financeiro com marcas: "É um caminho interessante para a produção audiovisual trabalhar". E no que diz respeito aos formatos, também são diferentes casos, como série, longa e programa de variedades. "O formato é decidido pelo que o conteúdo pede. Olhamos para o conteúdo e entendemos qual seria o melhor formato para ele". 

Hoje, a Hysteria não trabalha com uma meta de número de projetos fechada, mas a ideia é ter de três a quatro produções por ano, de diferentes tamanhos e modalidades. Olhando para o futuro, a diretora revela: "Nosso principal objetivo é ampliar cada vez mais as possibilidades de contar histórias. Nesse momento, estamos trabalhando muito com documentários, mas também queremos trabalhar com ficção. É importante para nós ampliar ainda mais o leque de formatos e narrativas com os quais podemos trabalhar". 

Fonte: https://telaviva.com.br/20/07/2024/hysteria-se-reposiciona-como-nucleo-de-desenvolvimento-de-projetos/

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