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A farsa da empresa perfeita

Quando o objecto é melhorar a vida dos consumidores e colaboradores, o que mais tem são empresas que divulgam propósitos, missões, visões e valores, metodologias e tecnologias para um mundo ideal, maravilhoso, profissional, hospitaleiro e respeitoso.

Rankings de melhor isso e melhor aquilo, de mais moral, sustentável, melhor reputação, melhor lugar para se trabalhar… Sem racontar os times dos sonhos que fazem tudo sobrevir em tempo e a contento. Os líderes sobre-humanos entre os Top10 de tudo, nascidos para entender melhor os desejos de todos – desde consumidores, colaboradores, fornecedores até investidores. São os escritórios lúdicos para as pessoas se despressurizarem enquanto dão o melhor de si, as campanhas fabulosas que mostram a estética do sempre feliz, sempre belo e sempre recreativo, as negociações milagrosas, onde tudo funciona e se resolve facilmente e de forma colaborativa. Será?

Muitos modelos de negócios projetam imagens de “visão do todo e consciência da interdependência” em suas estratégias de vendas, campanhas, aparições na prelo e em eventos, usando conceitos porquê omnicanal, omnipresença e até omnisciência. Mostram, por fragmentos de informações e de imagens, que estão preocupados com toda a cadeira produtiva, com todos os públicos envolvidos, com todas as dimensões que são estratégicas para um mundo melhor. E criam ilusões sistêmicas utópicas com base em justificativas e prestação de contas de seus bastidores para reforço de imagem e geração de uma percepção no mercado:

  • Divulgam a origem de seus insumos e matérias-primas, qualificando os processos de compra: protegem a natureza, aplicam o feira mercantile valorizam pequenos produtores;
  • Detalham o sistema de produçãovalorizando processos e equipamentos: utilizam tecnologia para evitar desperdícios, economizam pujança e tratam os resíduos;
  • Explicitam suas operações logísticadivulgando as estratégicas de distribuição: neutralizam carbono, reduzem cubagem, e cuidam dos motoristas;
  • Comunicam suas políticas de contratação de equipes, mostrando a transparência: respeitam as diferenças de gênero, idade, estado social, raça, saúde, opinião;
  • Abrem seus resultadosreforçando a questão da transparência: possuem conselhos internos de moral, aplicam regras de compliance, são auditados por consultorias renomadas.

E assim estruturam uma imagem de que tudo parece estar integrado, muito resolvido, sistemicamente impecável.

Quem vê, pensa. E quem pensa sabe que sem contextos, sem visão integral e atuação sistêmica e sem considerar a complicação de tudo isso, a coisa não é muito assim. Por isso, antes de expedir e se vangloriar, muito desvelo para não enganar os outros, e não se auto enganar.

Marina Pechlivanis é fundadora da Umbigo do Mundo e profissional em gift economy e gestão do encantamento.

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