Celular X Ensino - Jornal de Araraquara
Luiz Carlos Amorim
A nossa instrução anda caindo pelas tabelas mesmo. A instrução brasileira tem decaído muito, nos últimos tempos, mais ainda por culpa do hiato durante a pandemia, e isso tem refletido nas últimas gerações. É simples que não é só a escola que deve dar instrução as nossas crianças, isso deve inaugurar em lar, mas se os pais não tiveram uma boa instrução, uma vez que poderão passar para seus filhos uma instrução decente?
Eu fico pasmo com o uso do celular em público, de uma maneira universal. Em qualquer lugar que a gente esteja, tem sempre alguém falando ao telefone, às vezes falando tão cocuruto que atrapalha quem está por perto, esteja fazendo o que quer que seja: conversando, lendo, até pensando. Parece que as pessoas não se importam em expor a sua vida privado, não têm o menor problema em patentear a pouca instrução, falando palavrões a altos brados, pormenorizando situações íntimas que ninguém tem interesse em saber.
No ônibus, portanto é um terror. Sempre há um cristão – às vezes mais de um ao mesmo tempo – falando tão cocuruto ao telefone que todo o ônibus pode ouvir. E o pior é que não é uma coisa rápida. Alguns ficam no telefone desde que entram no ônibus até saírem dele. Fica-se sabendo tudo da vida de uns e outros, mesmo que absolutamente não interesse a ninguém. Porque se houver alguém que se interesse, coisa boa é que não resultará disso.
Logo fico pensando, cá com meus botões: que premência é esse que as pessoas têm, de expor e impor a sua vida a terceiros? Cadê a instrução, a discrição que deveria lhe ter sido ensinada, cadê o bom siso? Deveriam, no mínimo, ter a preocupação de não incomodar os vizinhos à volta, que todos têm o recta de viajar em silêncio.
Cá em Florianópolis proibiram de vincular a música no celular ou outro aparelho sem o fone de ouvidos, pois estava virando bagunça: um ligava a música mais cocuruto do que o outro e os usuários eram obrigados a ouvir música de paladar duvidoso, com qualidade de som horroroso e muito cocuruto. Deveriam proibir, também, de falarem ao telefone uma vez que se quisessem ser ouvidos pelo interlocutor não pela transmissão das antenas, mas pelo alcance do som da própria voz.
Tenho esperança de que a instrução brasileira melhore, daqui para a frente, e que tenhamos as novas gerações com uma postura mais harmónico e digna diante da vida, diante do próximo, diante de tudo. E que essas mazelas e outros desrespeitos passem a ser coisa do pretérito.
Repórter, editor e revisor, cadeira 19 na Ateneu SulBrasileira de Letras, Fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA, com 44 anos de trajetória. Http://luizcarlosamorim.blogspot.com.brFoto Ilustrativa Freepik
Esse item é uma releitura de:...
Veja também: