Venezuela: Brasil, Colômbia e México se oferecem para mediar 'diálogo' e 'entendimento' entre Maduro e oposição
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- Responsável, Mariana Schreiber
- Papel, Da BBC News Brasil em Brasília
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No texto, os três países reforçam a cobrança, já feita pelo governo brasiliano, de que as autoridades venezuelanas divulguem dados detalhados da votação de domingo (28/7), ao passo que também se oferecem "para estribar os esforços de diálogo e procura de acordos que beneficiem o povo venezuelano".
A participação de Brasil, Colômbia e México porquê possíveis mediadores na crise venezuelana vem sendo ventilada por analistas desde a eleição no domingo, quando Maduro foi proferido ganhador pelo CNE (Recomendação Pátrio Eleitoral), derrotando Edmundo González, bravo pela líder da oposição María Corina Machado, impedida de concorrer.
Os três são os maiores países da região governados pela esquerda. Tanto o governo brasiliano Luiz Inácio Lula da Silva porquê o do colombiano Gustavo Petro já haviam enviado representantes para as negociações entre o chavismo e opositores que levaram à realização das eleições no ano pretérito. O México foi um dos mediadores na ocasião.
A nota divulgada na quinta não cita que formato teria esse eventual pedestal ao diálogo na Venezuela.
Mais cedo, a líder da oposição Machado agradeceu ao Brasil por assumir a responsabilidade pela Embaixada da Argentina em Caracas, onde opositores estão abrigados desde março (leia mais inferior), e também citou uma "negociação" respadada pelo governo brasiliano.
"Isso (coordenação brasileira na embaixada argentina) poderia contribuir para proceder em um processo de negociação construtiva e efetiva porquê o Brasil tem respaldado", escreveu Machado no X, vetusto Twitter.
A enunciação conjunta de Brasil, Colômbia e México pede ainda "aos atores políticos e sociais" "máxima cautela e contenção em suas manifestações e eventos públicos, a termo de evitar uma escalada de episódios violentos".
Desde a divulgação solene dos resultados da eleição, protestos que tomaram as ruas da Venezuela.
A organização Observatório Venezuelano de Conflitos Sociais contabilizou mais de 300 manifestações em todo o país desde domingo. Destes, ao menos 115 foram reprimidos violentamente em 20 dos 23 Estados, segundo a organização.
Na quarta (31/7), o número de mortes causadas pela repressão aos protestos chegou a 12, segundo as ONGs Fórum Penal; Justiça, Encontro e Perdão e Laboratório de Tranquilidade.
Além das mortes, há relatos de centenas de pessoas presas — entre elas o líder do partido Vontade Popular, Freddy Superlano. O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, indicou que 749 pessoas foram detidas.
Maria Corina Machado disse que 115 destas prisões foram arbitrárias.
Por que Brasil se absteve em solução da OEA
A nota conjunta não foi o único desdobramento diplomático da crise.
Na quarta-feira (31/7), a Organização dos Estados Americanos (OEA) rejeitou uma solução sobre os resultados das eleições na Venezuela.
A decisão do Brasil de se refrear contribuiu para o resultado, já que faltou unicamente um voto para aprovação. A solução teve 17 votos em prol, 0 contra, 11 abstenções e 5 ausências.
O países da região estão divididos em três grupos: os que dizem francamente que houve fraudes na eleição (porquê Argentina e Chile), os que reconhecem a legitimidade da reeleição de Maduro (porquê Bolívia e Nicarágua) e os que cobram a divulgação de dados desagregados das mesas de votação para checagem do resultado (porquê Brasil, Colômbia e México).
Segundo apuração da BBC News Brasil, a decisão do Brasil de se refrear foi tomada por conta de divergências em relação a um único ponto da proposta.
O trecho que impediu o entendimento instava o Recomendação Pátrio Eleitoral da Venezuela a atender a demanda da oposição e realizar uma verificação abrangente dos resultados "na presença de organizações de reparo independentes para prometer a transparência, credibilidade e legitimidade dos resultados eleitorais".
Na visão do Itamarary, não caberia à OEA cobrar a supervisão por atores externos, já que, na visão do órgão, essa deveria ser uma iniciativa voluntária dos países.
Uma manancial a par das negociações ressaltou que países porquê Argentina e Uruguai não aceitam séquito extrínseco de suas votações.
Para a diplomacia brasileira, a solução deveria unicamente instar o CNE a publicar os dados desagregados de votação de modo a prometer a legitimidade, a credibilidade e a transparência do pleito.
Com isso, avalia o Itamaraty, os próprios atores políticos venezuelanos fariam a checagem do resultado.
Sediada em Washington, a OEA mantém uma relação conflituosa com o chavismo na Venezuela há muitos anos e tem seu papel respondido por vários líderes de esquerda latino-americanos, que acusam a organização de servir a interesses "imperialistas" dos Estados Unidos.
Posteriormente a eleição, o secretário-geral da OEA, o ex-chanceler uruguaio Luis Almagro, divulgou um enviado acusando o governo venezuelano de fraudar a eleição e cobrando Maduro a "admitir sua roteiro eleitoral".
Na quarta (31/7), Almagro disse que pediria ao Tribunal Penal Internacional a prisão de Maduro por conta da repressão aos protestos na Venezuela.
Maduro ainda não comentou a fala de Almagro. No entanto, em fala também na quarta, o venezuelano disse que convocaria a população para uma "novidade revolução" se "o imperialismo norte-americano e os criminosos fascistas" interferissem no país.
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Brasil assume embaixada argentina
O Brasil também se prepara para assumir completamente a coordenação da representação diplomática da Argentina na Venezuela, a pedido do governo prateado, depois Nicolás Maduro ter rompido relações diplomáticas com o país de Javier Milei e ter ordenado a expulsão dos diplomatas argentinos do país.
No momento, há ao menos seis nomes da oposição que estão abrigados na embaixada da Argentina, onde pediram asilo político. "Estamos protegendo os aliados da (Maria) Corina (líder da oposição). Isso tem que ter corroboração do governo Maduro", ressaltou uma manancial diplomática à BBC News Brasil.
Nesta quinta (1/8), o presidente da Argentina, Javier Milei, agradeceu o Brasil por cuidar da missão.
"Aprecio muito a disposição do Brasil de cuidar da custódia da embaixada da Argentina na Venezuela. Também apreciamos a representação momentânea dos interesses da República Argentina e de seus cidadãos lá", disse Milei.
"Os laços de amizade que unem a Argentina com o Brasil são muito fortes e históricos", prosseguiu o prateado.
Milei afirmou que os diplomatas argentinos deixaram a Venezuela nesta quinta "porquê uma retaliação do ditador Maduro pela pena que fizemos da fraude que perpetrou no domingo pretérito".
Além da Argentina, outros seis países tiveram seus diplomatas expulsos da Venezuela por contestarem o resultado eleitoral.
Segundo a manancial entrevistada pela BBC, o Brasil também deve assumir em breve a mesma responsabilidade em relação ao Peru — outro país que teve seus diplomatas expulsos.
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