Kaylia Nemour: o sonho da primeira medalha africana na ginástica

Por: Milenna Alves

Os Jogos Olímpicos de 2024 podem marcar uma conquista histórica para o continente africano. A ginasta argelina Kaylia Nemour está classificada para as finais do individual universal e das barras assimétricas em Paris. Kaylia já fez história com a conquista da prata nas paralelas durante o Mundial de 2023, primeira medalha africana em mundiais de ginástica. E agora, se prepara para buscar o pódio olímpico, feito inédito para um país africano na modalidade.

De origem franco-argelina, Kaylia deu seus primeiros saltos na ginástica na França, seu país de origem, cores que defendeu até 2023. Mas a decisão de simbolizar a Argélia não aconteceu de forma amistosa. Nemour viveu conflitos com a federação francesa, sendo o mecha deles a não autorização francesa para que a ginasta voltasse a competir posteriormente uma grave lesão. A desportista já havia sido liberada por seu médico para voltar às competições e fazer seu ciclo olímpico, mas o médico da federação francesa acabou não a liberando e assim, Nemour decidiu tutelar a Argélia, país de seu pai.

“A federação francesa me bloqueou das competições por um ano, por isso estou jogando pela Argélia. A federação argelina realmente me recebeu de braços abertos… e estou muito feliz por simbolizar a Argélia”, disse Nemour em entrevista ao The National.

Pela Argélia, Nemour conseguiu feitos importantes até sua ida à Paris. No Mundial de Ginástica realizado no ano pretérito, a ginasta ganhou a medalha de prata nas barras assimétricas, a primeira de um país africano em mundiais.

Em Paris, Nemour segue encantando com seu talento. Nas classificatórias, a ginasta da Argélia conseguiu vaga no individual universal e também disputará sua principal prova nas paralelas. Aos 17 anos, Kaylia tem chances reais de medalha nas Olimpíadas, sua apresentação nas barras assimétricas tem recebido notas supra dos 14 pontos em diversas competições pré-olímpicas e no domingo (28) garantiu imbatíveis 15.600 durante o classificatório, passando em primeiro para a disputa por medalhas no aparelho.

Apesar de lucilar nas paralelas, Nemour também sonha com uma medalha no individual universal, onde se classificou porquê a quinta melhor ginasta. Nesta prova, as favoritas são a americana Simone Biles e a brasileira Rebeca Andrade, uma medalha nessa disputa tão estrelada seria um enorme feito para a ginasta argelina.

Com seu collant verdejante, Nemour vive em Paris um sentimento misto porquê afirmou em entrevista ao Olympics, “Quando estou em Paris 2024, digo a mim mesma que estou em vivenda, mas não exatamente em vivenda”.

Do lado gaulês, resta lamentar que uma de suas mais promissoras atletas não esteja vestindo suas cores neste Jogos, sobretudo quando nenhuma ginasta francesa conseguiu um lugar na grande final do individual universal.

Kaylia estará em ação na Accor Redondel nas provas do individual universal da ginástica artística feminina que acontecem nesta quinta-feira (01) às 13h15 no horário de Brasília e na final das barras assimétricas que está marcada para o dia 04 de Agosto às 10h40.