O Brasil na crise do clima
Chuvas apocalípticas no Rio Grande do Sul, secas extremas no Pantanal e na Amazônia, inundações recordes em países da Ásia e da Europa, ondas de calor mortíferas nos quatro cantos do mundo. São gritantes os sinais de que alguma coisa está profundamente incorrecto no clima planetário.
Essa percepção, hoje, é mais clara do que nunca, porquê mostram duas recentes pesquisas de opinião sobre o peça. De concordância com um levantamento do Instituto Datafolha, zero menos que 97% dos brasileiros afirmam perceber no dia a dia que o planeta vem passando por mudanças climáticas. Outra pesquisa, essa de contextura mundial e capitaneada pela ONU, mostra que, dentre 77 países pesquisados, o Brasil é o sétimo em termos de preocupação com o clima.
Nem todo mundo entende, porém, que por trás desse fenômeno alarmante está a mão do varão. Depois décadas de estudos e medições, não resta incerteza de que a desculpa do aquecimento global são os gases do efeito estufa emitidos por seres humanos, a maior troço deles proveniente da queima de petróleo e seus derivados.
Com a elevação da temperatura média do universo, tornam-se mais frequentes os chamados eventos climáticos extremos, com consequências tremendas para as populações humanas e os ecossistemas naturais. Segundo a pesquisa Datafolha, 77% da população brasileira vivenciou recentemente qualquer evento desse tipo.
A tragédia que atingiu boa troço do Rio Grande do Sul entre o termo de abril e o início de maio se encaixa nessa categoria. Centenas de municípios receberam em dias o volume de chuva de meses. Em Caxias do Sul, por exemplo, o amontoado de maio foi zero menos que seis vezes a média histórica. O rio Taquari, que corta troço do estado, subiu inacreditáveis 14 metros, deixando as cidades no caminho literalmente submersas. As águas do Guaíba invadiram Porto Satisfeito e uma troço considerável da capital ficou alagada por semanas.
Os números finais correspondem a um cenário que é difícil não descrever porquê sendo de guerra: mais de 2 milhões de pessoas afetadas; 600 milénio desabrigados; ao menos 170 mortos e 80 desaparecidos.
Já o Pantanal vive o drama inverso. O bioma, divulgado por ser a mais vasta planície alagada do planeta, vem sendo punido por uma estiagem drástica. Para dar uma teoria da grandeza do problema, basta proferir que o rio Paraguai, o principal da região, atingiu o nível mais reles em 60 anos. Piora tudo o veste de que, com a seca, vem o queimação. O mês de junho registrou o maior número de focos de queimadas desde 1998, quando se iniciaram os registros.
Cá, novamente, aparece a mão humana. Segundo especialistas, esses incêndios zero têm de naturais. A quase totalidade deles decorre de ações intencionais, porquê a limpeza de pastos ou a queima de qualquer material, que terminam saindo do controle e se alastram pelos campos ressequidos.
Por mais que os efeitos da mudança climática venham ficando cada dia mais evidentes no planeta, enfrentar as suas causas tem-se mostrado uma tarefa imensamente complexa. A principal razão é que reduzir drasticamente as emissões de gases do efeito estufa implica uma mudança radical na matriz energética global, ainda amplamente baseada no petróleo.
Nessa verdadeira corrida contra o tempo, o Brasil desponta de maneira uno. Por cá, as principais fontes de poluição não provêm, porquê nas outras grandes economias do mundo, de atividades industriais e da queima de combustíveis fósseis, mas do desmatamento.
A floresta derrubada libera na atmosfera todo o carbono armazenado na madeira, nas folhas e nas raízes quando é queimada ou apodrece sobre o solo. Já a atividade pecuária, além de relevante indutor do desmatamento na Amazônia, libera, por meio da digestão dos ruminantes, o metano, um dos gases que mais potencializam o efeito estufa.
Essa situação confere ao Brasil uma vantagem comparativa no necessário e inadiável esforço mundial de redução das emissões. Em outras palavras, basta controlar o desmatamento e restaurar as pastagens degradadas para que a imposto pátrio à emergência climática despenque.
Há uma certa orquestra do agronegócio, entretanto, que ainda pensa com a cabeça do pretérito. Valendo-se de uma lógica predatória, defendem que o desmate é necessário para expandir plantações e pastos. Isso, porém, não passa de um mito. A verdade é que não existe incompatibilidade entre o combate ao aquecimento global e a produção agropecuária. A mudança climática, na verdade, é o grande vilão do agro, pois vem alterando os padrões de chuvas e impactando diretamente o resultado das safras.
Hoje, felizmente, boa troço dos produtores já entendeu isso, e vêm investindo no aumento da produtividade no campo e ampliando a chamada cultivação de reles carbono. Um agronegócio com consciência ambiental combinado a um combate firme do desmatamento por troço dos governos forma uma coligação poderosa, que beneficiará o Brasil e o mundo.
Créditos: Dimas Ramalho Foto ilustrativa
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